quinta-feira, 5 de maio de 2011

Reflexão : As Balinhas

As Balinhas
É engraçado como sentimos uma certa liberdade de falar em voz alta o que queremos, quando pensamos que ao nosso redor ninguém vai entender...
Você já viajou para um país onde as pessoas falam outra língua e não entendem a sua?
Isso pode ser perigoso...
Outro dia em uma de nossas visitas ao hospital aqui na Namíbia...
"De onde a senhora é?" inicio a conversa com uma senhora que estava com uma carinha muito triste e sofrida. Olhava o vazio e parecia muito só e desolada.
"Venho do Norte" responde voltando sua atenção para mim.
"O que aconteceu com a senhora? Qual a razão de estar aqui?" pergunto.
Ela me mostra o braço enfaixado e diz que foi trazida para Windhoek às pressas, pois no Norte o hospital não tinha condições de cuidar dela, precisava ser operada...
Continuamos conversando e ela contou que como veio às pressas não tinha nada e nem ninguém que a visitasse.
Não tinha nem sabonete para tomar banho, roupas para trocar, pasta de dentes, nada, nada. Me senti comovida, pois ela não estava me pedindo nada, estava apensa desabafando...
Como no mesmo quarto tem em média 6 a 8 pessoas, conversamos um pouco mais, oramos por ela e fomos orar pelas outras senhoras do quarto, mas sabia o que ia fazer assim que saísse dali...
Combinei com as outras esposas de pastores que estavam comigo naquele dia, e fomos juntas procurar uma loja próxima, onde poderíamos comprar as coisas básicas para aquela senhora.
Achamos a loja e cada uma foi buscar uma coisa, sabonete, pasta de dentes, escova, creme, roupa interior, etc...
No caminho para o caixa, nossa cestinha já estava lotada de coisas, quando pensei nas outras senhorinhas do quarto, fui então pegando saquinhos de bala e docinhos que poderíamos dar para as outras do quarto. Fiquei com os braços cheios de balas e doces e fui com minhas amigas para a fila pagar...
Ao chegar na fila, uma jovem que estava na minha frente, me dá um sorriso bem caloroso e amigo, fico até surpresa e retribuo.
Para minha surpresa a mesma jovem vira-se para a sua amiga em voz alta e fala em PORTUGUÊS...
"Olha pra essa branca aqui atrás de mim. Por isso que os filhos delas são cheios de dentes podres, devia ter vergonha de estar cheia de doces e balas, não cuida dos filhos e depois reclama..." nisso ela se vira pra mim e me dá outro sorriso daqueles bem amáveis e amigos.
Não perdi tempo, retribuí o sorriso e disse amavelmente... "Com certeza você não imagina que eu também falo Português, por isso no futuro seria bom tomar mais cuidado ao fazer seus comentários e somente para clarificar, eu não tenho filhos e essas balas são presentinhos que vamos dar para algumas senhoras que acabamos de visitar em um hospital".
A jovem deu um grito de incredulidade e disse... "Ai que vergonha!" saiu da fila e foi embora.
A amiga que estava na fila fica conversando comigo... "Olha, foi muito bom que isso tenha acontecido, estou sempre falando para ela não fazer essas coisas, mas ela está sempre fazendo isso. Foi muito bom, quem sabe agora, ela muda..."
Ao lembrar, até dô risada, mas na realidade, isso foi uma lição pra mim também...
Principalmente no que está relacionado aos nossos olhos...
Nem sempre o que vemos é realmente o que aparenta. Tirar conclusões apressadas é algo muito perigoso e pode nos levar a cometer erros graves e até mesmo mágoas em nossos corações.

Devemos tomar cuidado que comentamos, nosso olhar muitas vezes é maldoso olha atitudes do próximo e logo que julga mas lembre-mos só Jesus pode de julgar .
Antes de comentarmos pensemos se nosso comentário vai fazer bem ao outro se não melhor guardamos para nós, sei como é difícil,mas vale a pena desafio a cada um de nós..
Pensemos diante dessa frase: "Que não gostaria que fizesse comigo não faço com outros ."

Tamu junto...

Aline Frederico

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